Cadavérico



Donnefar Skedar
Cadavérico




A Agonia de Um Vampiro

A lua clareou toda a sala que antes estava apenas sendo clareada por uma humilde vela próxima a porta, eu estava esperando o amanhecer, sabia que não tinha mais para onde correr, o crime já estava em minhas mãos, seria algo impossível de se reverter. Ali caída ao chão estava minha vítima, tão serena com um rosto tão sombrio quanto o que eu havia lhe feito.
Deus como pode conceder a minha pessoa, vida antes da minha maldita morte?
Ou como pode conceder vida a mim após minha morte?
Agora em meus pés jaz a mais bela de uma família humilde que só queria um emprego a sua filha ainda virgem e com inúmeros sonhos pela frente.
Como posso eu ser tão desprezível ainda conseguir ser imortal perante a escuridão da noite? Por que está humilde serva tinha que ser tão útil a ponto de mexer em meus pertences mais profundos? Minhas regras sempre foram simples e diretas, nada de mexer em meu escritório do subsolo. Malditos humanos, eu os odeio mais a eles do que ao que sou hoje em dia. Ela estava tão linda esta noite limpando a sala, por que tinha que mostrar serviço a mim sendo que nunca me apresentei formalmente a ela?
Será que ainda andam dizendo como sou quando estava em vida?
Não creio que uma pessoa tão bela tenha se deixado levar por leves boatos.
Sim quando ainda estava em minha forma humana eu era jovem e bonito, mas somente fui bonito quando muito jovem, logo me tornei adulto me antecipando aos 16 anos de idade e assumindo a riqueza que meu pai deixara para minha mãe. De início não foi nada fácil fazer o papel de homem e cuidar de minha mãe com suas outras duas filhas.
Logo fiquei muito doente por não está acostumado a ficar acordado até tão tarde cuidando de assuntos inacabados de meu pai. Passei dois meses sem andar nem falar ardendo em febre todas às noites até que apareceu minha salvação...
Foi em uma noite fria de um luar atraente como esta noite, lembro-me de ter ficado muito febril naquele dia e mamãe já sem esperanças adormeceu enquanto rezava que seu Deus tivesse pena e me ajudasse a sobreviver... Diria que foi Deus quem me salvou, mas deus não veste roupas negras e tem um cheiro tão podre e tão fugaz como aquele homem. Sim ele entrou silenciosamente em meu quarto, através da janela aberta, ninguém o notaria, seus passos eram silenciosos e ele apareceu como um corvo, mas minha febre me fazia delirar então era obvio que não acreditava que ele entrara ali como um corvo. Mas sim ele entrou como um corvo e se fez humano em seguida na minha frente.
Mamãe em seu cansaço nem segue ergueu um suspiro quando ele sentou ao meu lado.
– Vim lhe salvar Joseph, sua mãe clama por Deus, você clama por cura.
Sua voz sombria parecia aliviar a minhas dores, eu drasticamente sorri quando ele tocou meu pescoço com seus dedos suaves e quentes como um gelo seco.
Sua boca foi se aproximando da minha face e seu hálito tinha algo diferente, não era mau hálito ou cheiro de alguma comida, mas sim cheiro de vida. Ele tocou minha veia com seus dentes e eu estremeci por inteiro, logo me pareceu que a dor estava sendo sugada com aquela mordida mortal, ele me segurou enquanto sugava meu sangue e disse que a morte era inevitável e assim se fez, a dor se foi e eu adormeci por completo.
Quando acordei já era noite de um novo dia e mamãe sorria para minha pessoa, eu estava vivo, mas era melhor que isso, eu tinha nascido novamente.
Ele tirou minha vida naquela noite e me deu outra como se fosse à coisa mais simples de se fazer. Logo minha mãe começou a notar que eu não sair durante o dia nem sequer deixava as janelas abertas, minhas irmãs se casaram e se foram embora deste lugar, mamãe morreu ao ver seu único filho se alimentar de uma amiga oferecida em menos de um ano após minha transformação.
Tive que conseguir empregados fieis, mas em suma maioria eu drenava o sangue de todos eles por me desobedecerem. Minha última governanta sabia da minha misteriosa existência. Ela me garantiu que cuidaria das minhas coisas desde que eu não me atrevesse a olhar fixo para seu pescoço, logo ela começou a me presentear com sangue fresco até assumir ser uma bruxa poderosa que vinha fugindo de outros países devido as suas práticas
sinistras. Foi ela quem me trouxe Dalba a mais bela de uma família humilde para trabalhar em minha casa com tarefas básicas do dia a dia...
Dalba que agora estava caída aos meus pés trabalhara durante seis semanas até fazer o que já tinha deixado claro a governanta, nada de mexer no subsolo. E ela entrou justamente quando eu estava sugando minha última refeição desta noite, um belo jovem que mostrava seu corpo em troca de pouco dinheiro, não sei como Júlia a governanta achava tantos como ele. Seu sangue estava doce até o grito de Dalba me fazer sentir um gosto amargo em minha boca.
Voei ao pescoço dela com tão rapidez que talvez ninguém tenha notado seu grito, ou talvez eu tenha chegado antes mesmo dele ter saído de sua garganta.
Suguei seu sangue doce mesmo já estando satisfeito. O mal desta garota foi seu puro amor que estava em seu sangue, nunca provei de tanta bondade em um único ser humano. Agora estou aqui com Dalba aos meus pés sem qualquer sinal de vida, devo eu tê-la como esposa ou fazer o que sempre faço com todas as minhas vítimas, arranca-lhe o coração afim de nunca mais ressurgir dos mortos como eu fiz há tanto tempo?
Minha agonia acaba de começar...


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