Reviver


Karol Oliveira
Reviver


Isis
Meu celular toca:
-Amiga, eu descobri tudo, era verdade, amiga por favor!
-Calma Jully, respira. O que aconteceu?
-Lembra que o Gabe falou do Vinicius?
-Sim.- Meu coração bate forte, minha amiga estava encrencada.
-Era verdade, tudo, em todos os pontos: drogas e outras mulheres além de mim. Vamos sair?
-O que?
-É, isso, quero sair, dançar e esquecer, você sabe que só uma boa tequila e uma ótima musica para me fazer esquecer.
Estamos na festa, Gabe, nosso melhor amigo veio conosco, esta sem beber pra nos levar pra casa. Dança, bebida, música alta.
Estamos no carro, música alta, cantando alto e nos abraçando, Jully grita o quanto nos ama.
Estamos no carro, de cabeça pra baixo, vejo sangue, muito sangue por toda a minha roupa, mas não tenho nenhum corte que saia tanto sangue, ouço um suspiro, olho pro lado, escorre uma lágrima da minha amiga,seus cabelos loiros ensanguentados, um ultimo suspiro e seus olhos abertos fixam no chão do carro, olho pra frente, Gabe esta desacordado, minha cabeça dói, uma dor latente no peito, sem ar, sem força, desmaio.
Acordo assustada, gritando e chorando ao mesmo tempo, meu pai entra no quarto correndo, sei que ele já espera por esse grito toda noite. Tem sido assim desde que tudo aconteceu.
-Shiii.. alcame-se filha, passou, já foi, já foi. - Ele me abraçava forte, como se tentasse se convencer também. Jully e Gabe, eram como se fossem filhos dele, agora Jully se foi, Gabe esta em coma, eu apenas quebrei um braço tive e um corte perto do olho que por "sorte" não me deixou cega. Nada me aconteceu, ficar cega, não faria nenhuma diferença, parte de mim se foi, outra parte não pode acordar, o restou de mim são cacos.
Acordo com meu do lado, que no meu mínimo movimento já acorda.
-Esta tudo bem filha?
-Sim, só vou ao banheiro.
-E eu vou fazer o café da manhã.
-Pai não estou com fome. Não quero comer.
-Hoje você vai descer, vai comer e ouvir a noticia que tenho pra te dar.
-Noticia?
-Sim. Vá logo escovar os dentes porquinha, e desça imediatamente.
Me levantei e fui para o banheiro, sorri fraco ao ver o esforço do meu pai, ele tem cuidado de mim desde que minha mãe se fora, não ela não morreu, só decidiu ir embora com um cara que tinha muito dinheiro e que a filha dela não era importante a ponto de levá-la. Lembro quando pequena, meu pai nunca mediu esforços, se formou em Ciências Contábeis, e  hoje tem um dos mais conceituados escritórios da cidade. Nos dias de aula me deixava com uma babá, que também olhava outra criança, uma delas se chamava Jully, e ai...nos tornamos irmãs. Novamente eu estava chorando, era difícil não chorar todo dia, toda hora, pois qualquer lembrança que eu tinha da minha vida, lá estava inclusa Jully. Lavei o rosto e desci de pijama mesmo.
-Filha, já esta na hora de tirar o pijama, dia e noite com isso.
-Ok pai...
-Coma seus ovos e torradas.
-Ok pai... -Remexi nos meu café, mas não sentia fome.- Qual a novidade?
-Bom..-Ele sentou-se.-Você se lembra do Thiago, meu amigo de infância? Aquele que saiu comigo dando nó no rabo de todos os cavalos da fazenda do meu pai?
-Sim.- Claro que eu me lembrava, ele contou essa história pra mim e Jully, quando cortamos o cabelo de uma piranha da escola.
-Então, mesmo morando longe, nuca perdemos contato, a final, sempre fomos melhores amigos, sabe?
-Aham...-Claro que eu sei, pensei.
-Bom, ele esta morando em uma cidade vizinha a fazenda do seu avô, é uma cidade bem pequena, quase minima, e adivinhe?
-Sim?
-Tem uma casa ao lado dele que esta a venda, bom estava..
-O que quer dizer com isso pai?
-Filha, não aguento mais te ver trancada dentro dessa casa, do seu quarto.
-Não é verdade. Eu sempre saio para ver o Gabe.
-Esse é o único momento em que você tira o pijama e penteia o cabelo. Filha, nós vamos nos mudar semana que vem. Por enquanto é férias, mas jajá é o natal, ano novo e as aulas começam. Vai doer muito mais você vivenciar tudo isso aqui, onde fazia tudo isso com eles. Vai doer até em mim.
-Pai, mas, a minha dor é justa. Não posso esquece-los.
-E nem vai, pra sempre eles vão estar com você, e outra você pode vir periodicamente vir ver o Gabe, e não vou vender essa casa.
-E isso tudo esta decidido? Tem algo que eu possa fazer?
-Apenas arrume as suas coisas querida. Partimos depois de amanhã.
-Ok.- Sorri triste
 -Você sabe que tem algo a fazer antes de ir né?
-Não vou pai, não quero ver a dona Filipa.
-Já faz 2 meses filha, desde então ela quer te ver.
-Pai, eu ...
-Filha, a mãe da Jully só quer conversar.
-Ok. Vou arrumar minhas coisas hoje, amanhã passo lá e depois vou no Gabe.
-Eu vou com você princesa.
-Obrigada pai.
-Filha?-Ele disse enquanto eu estava subindo as escadas
-Oi?
-Eu já comprei caixas de papelão, estão na minha cama.
Balancei a cabeça, fazendo que sim, subi ao meu quarto, comecei pelo banheiro, achei que ia ser menos dolorido, mas na terceira gaveta,que eu evitava olhar, vi a etiqueta: GAVETA DA JUJU. Depois de tirar tudo, tudo do banheiro, cosméticos, maquiagens, que a tempos eu não usava, me voltei pra gaveta. Por incrível que pareça eu nunca tinha aberto ela, nem quando ela estava viva, a final, era dela. Sorri com esse pensamento. Respirei fundo e abri. Para minha surpresa em cima de tudo tinha um papel, Jully tinha disso, depois de que tudo aconteceu eu achei dois bilhetes dela, nós também gostávamos de mandar  cartas uma pra outra, mesmo morando no mesmo bairro, valia muito mais do que uma mensagem qualquer no Whatsapp, era idiota, mas era o que nos tornávamos quando estávamos juntas. Sorri com a lembrança e os olhos lacrimejando, peguei o papel, minhas mãos tremiam. Era um sulfite dobrado em quatro. Desdobrei e comecei a ler:

"RÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ, TE PEGUEI! SE VOCÊ ESTA LENDO ISSO SIGNIFICA QUE ESTA ABRINDO A MINHA (ENFASE P/ MINHA) GAVETA!
Saiba que coloquei esse papel desde que tomei posse dela, ou seja, desde que ela deixou de ser sua. Bom, você sabe que aqui estão minhas maquiagens favoritas, DA VIDA, e que por isso tenho outras em casa, então:
-Se você esta abrindo e nós vamos sair juntas, eu deixo você usar meu batom MAC o Diva (aquele vermelho BAPHO) e meu lápis da Lancome.
-Agora se você esta se arrumando pra sair e não é comigo, você não esta autorizada a usar nada. A final você tem o dever  de sair apenas comigo. Pois é minha (ENFASE P/ MINHA)  amiga.
-Agora, se você apenas esta em casa fuçando as minhas coisas, pode passar o que quiser amiga, o que é meu é seu, e lembre-se  SOMOS DIVAS, DEVEMOS ESTAR LINDAS EM TODO MOMENTO, INDEPENDENTE DA CIRCUNSTANCIA! (use principalmente se o jardineiro gatinho estiver ai) Use e abuse, O QUE É MEU É SEU, OU SEJA, você tem o dever de na minha ausência cuidar das minhas coisas.
TE AMO VAGARANHA! ME LIGA QUANDO VER ISSO PARA RIRMOS JUNTAS DO QUANTO EU SOU IDIOTA! "
Ah, se eu pudesse te ligar amiga, enquanto eu chorava e sorria ao mesmo tempo, não percebi que meu pai estava no batente da porta.
-Mais um bilhete da nossa Ju?
-Sim.- Sorri- Estava dentro da gaveta que era de posse dela.-Dei pra ele ler.
-Concordo com ela.
-O que? com o Vagaranha?
Ele riu, e por mais triste que  eu estivesse, ouvir o riso do meu pai confortava meu coração.
-Não. Com o jardineiro gatinho.-Falou de forma afetada
-Opa...-Sorri envergonhada
-Com você ter que estar linda em todo momento, filha-ele se sentou no chão comigo.- você já é linda, mas concordo com a Ju em "estar linda em qualquer circunstancia.
-Eu vou fazer isso pai, por ela.E voltar a treinar também.
-Te amo filha.-Ele beijou minha testa. Se levantou e saiu.
Então decidi que ia hoje resolver o que tinha, depois arrumava minhas coisas.
Levantei, coloquei uma calça jeans e uma regata vermelha, penteei o cabelo, passei base, lápis, batom e gloss, coloquei o relogio que tinha ganhado dela, algumas pulseira, brincos de argola, bolsa caramelo de franjas, touca da mesma cor. Um all star. Era estranho me arrumar, mas de alguma forma senti um pequeno prazer.
Quando desci, meu pai me olhou com brilho nos olhos.
-Pai, não estou nem de salto alto.
Ele sorriu e me abraçou. Fomos primeiro ao hospital, onde encontrei a dona Marta, que me abraçou como sempre, meu pai entrou antes de mim.
Enquanto eu explicava pra dona Marta que minhas visitas seriam com menos frequência, ela sorriu fraco:
-Fico feliz que seu pai ouviu meu conselho, para que respire novos ares . Vai ser ótimo pra você querida. Qualquer noticia do Gabe eu te aviso.
-Ele ainda vai sair dessa.
-Eu sei que vai, tenho fé no meu Deus querida.
-Nosso Deus.
Ficamos em silencio até meu pai chegar. E eu entrei no quarto, coloquei as luvas e o avental. Cheguei perto e vi as cicatrizes no seu rosto, quase haviam sumido.
-Oi amigo- sempre chorava e segurava sua mão enquanto conversava com ele.- hoje, tive pesadelo de novo, chorei de novo, encontrei outro bilhete da Ju, porque merda você não escrevia também? Cara, eu sinto tanta a falta de vocês dois. Ei, tenho uma novidade -falei perto do seu ouvido- Vou ter que me mudar daqui, ideia da sua mãe pro meu pai e....-Senti um aperto na minha mão.
Assusta gritei pra enfermeira que estava passando:
-Ele se mexeu!
Ela correu assustada, chamou o médico pelo rádio. Ambos chegaram praticamente junto, depois me explicaram que o que ele teve foram só espasmos e nada mais, que ele podia sim acordar de uma hora pra outra, ou dormir pra sempre.
Me despedi do meu amigo encontrei dona Marta, meu pai e o pai do Gabe lá fora, contei o que havia ocorrido, disse que não acreditava ser espasmos, uma vez que ele moveu bem a mão que eu segurava, assim que eu disse que ia me mudar. Dona Marta concordou comigo e disse que o mesmo aconteceu com ela hoje de manhã, e disse também que era para termos fé.
Sai do hospital e caminhávamos lentamente para o carro, decidi que queria comer no pizza hut, meu pai se encantou com o meu pedido para comer, mal sabe ele que estou tentando protelar meu encontro com a Sra. Felipa.

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