Sangue e Sedução


Márcia Pavanello Pires
Sangue e Sedução


1° Capítulo
Doce Sedução

O dia anoitece, cai a escuridão noturna. Não há luar, apenas alguns pássaros noturnos rondando. A cidade, lapidada por grandes montanhas, dorme. Não há pessoas nas ruas de Presidente Getúlio em Santa Catarina. Apenas um ar sombrio e misterioso acompanhando o anoitecer. O silêncio foi apenas quebrado por um barulho ensurdecedor ao longe, uma batida forte de uma música estranha, que pulsava. Apenas algumas horas antes, Amanda Richard não imaginava que estaria neste lugar, o qual achava tenebroso. Mas não pode dizer não a sua melhor, e única, amiga. Era a despedida de solteira de Gabriela Santino, ou Gaby, para os íntimos.
Quando Amanda e Gaby entraram na única danceteria da cidade, em uma sexta-feira, acharam muito diferente de todo lugar que já tinham ido. As pessoas dançavam freneticamente à batida da música. Bebiam coquetéis estranhos e pareciam zumbis, Amanda imaginou que o uso de drogas seria normal para o ambiente claustrofóbico. O lugar era mais escuro que a noite, mas luzes coloridas piscavam junto com a pulsação da música. Um eco entrava pelo corpo de Amanda, mas ela logo se ambientou.
Não conheciam ninguém no local, apesar de a cidade possuir menos de quinze mil habitantes. Eram todos estranhos, apenas alguns rostos conhecidos da universidade, mas nenhum deles lembrava-se das duas, muito menos conversavam com elas.
Timidamente, elas foram ao balcão e pediram dois coquetéis de abacaxi, uma mistura altamente alcóolica. E fizeram um brinde ao noivado de Gaby.
As duas comemoram, dançaram e beberam muito. De alguma forma, a timidez misturada à bebida fizerem com que Amanda libertasse seu pudor. Dançava sensualmente na pista de dança, nem imaginava poder um dia dançar assim, mas estava eufórica e um pouco bêbada.
— Isto está muito bom – gritou ao ouvido de Gaby, referindo-se a tudo.
Amanda conseguiu apenas afirmar com a cabeça. Alguns homens a olhavam, ela não era mais a menina tímida, era linda e fabulosa, seus lindos cabelos negros brilhavam a cada piscada de luz, assim como seus olhos totalmente pretos. Usava um vestido preto tomara-que-caia e curto, com saltos altos; seu colar de pérolas, apesar de falsificado, ficava muito belo no pescoço de Amanda.
Gaby reconheceu uma menina que estudava na mesma universidade, as duas começaram a conversar, e pelo que Amanda percebeu, Gaby contava sobre seu noivado e que hoje era sua despedida de solteira. Mas Amanda não queria conversar, queria continuar bebendo e dançando até o amanhecer.
Ela fez um sinal, dizendo que ia ao banheiro. Gaby assentiu e a outra menina nem olhou.
Amanda atravessou o lugar, havia pessoas se beijando e se agarrando em todo canto, ela abaixou a cabeça e seguiu em frente. Dentro do banheiro, observou algumas mulheres quase sem roupa de tão pequenas que eram. Ela gostava de roupas curtas, mas não indecentes.
Saindo do banheiro, ela retornou junto à amiga, que ainda estava aos papos com a outra menina. Amanda não se importou nenhum pouco pela amiga, afinal era seu dia. Mas Amanda estava ficando deslocada, enquanto tinha a amiga para dançar, estava tudo bem, mas agora estava se sentindo estranha e sozinha.
Ela voltou ao balcão e pediu uma dose dupla de uísque, talvez fosse disto que precisava. Tomou a dose, que desceu terrivelmente ardida. Amanda voltou à pista e sozinha ficou dançando.
A música continuava a pulsar quando ela observou um rapaz. Era alto, tinha olhos pretos, um rosto másculo, mas com ar jovial, cabelos também pretos, longos e lisos até a cintura. Tinha um corpo definido, usava um brinco quase imperceptível de strass nas orelhas. Estava vestido com uma calça jeans preta e uma camisa social de cor azul marinho, sob um blazer com um corte muito moderno, e nos pés um sapato social que parecia custar mais do que Amanda ganhara durante toda sua vida. Era dono de um olhar sombrio e encantador, e o homem mais lindo que Amanda já tinha visto na vida.
Amanda não conseguia tirar os olhos do homem e nem ele desviava os olhos dela. Mas quando outro homem chegou perto, ela ficou petrificada, eram iguais, eram gêmeos, apenas a roupa os diferenciavam. Este usava calças jeans pretas, mas com uma camisa verde e um blazer que parecia ainda mais bonito e perfeito, junto a sapatos marrons escuros.
Ele pareceu sentir sua presença, pois a olhou assim que chegou perto do que ela classificou como irmão.
— É ela — disse um para o outro.
— Sem dúvidas, irmão.
Amanda não escutou o que eles falaram, mas leu em seus lábios. Estava hipnotizada olhando a beleza dos dois homens a sua frente. Estava encantada e seduzida. Sentia seu corpo fraquejando, suas mãos tremiam, estava ficando pálida e sem ar. Toda a bebida que tomou durante a noite estava consumindo-a por dentro. Poderia desmaiar a qualquer segundo. Mas ficou firme em cima dos seus saltos altos, enquanto ainda encarava os gêmeos mais lindos que já vira.
Os dois se aproximaram de Amanda, ela não conseguia se mexer. Ficou apenas parada, quando os irmãos apresentaram-se a ela.
— Prazer, meu nome é Dylan Louise — disse o primeiro que ela viu.
— Eu me chamo Ryan Louise, muito prazer.
Dylan segurou uma das mãos e, Ryan, a outra, levando-as à boca em um beijo singelo e breve, mas não a soltaram. Amanda precisava desesperadamente dizer alguma coisa que não fosse estúpida, ou infeliz. Ela nunca havia tido uma conversa com homens antes, que não fosse seu pai e professores. Nunca tinha conversado com homens tão maravilhosamente lindos e perfeitos. Não sabia como se pôr à frente deles. Não se sentia uma mulher bonita, nem cobiçada. Era magra e tinha um cabelo preto bonito, mas para ela, nada disso chamava a atenção de um homem. Não que ela quisesse chamar, muito pelo contrário, sempre fora mais recatada e ingênua. Mas se permitiu ser forte ao menos uma vez e, encarar o problema de frente. Tentaria ao menos uma vez ser uma mulher normal. Sem problemas e mais problemas.
— Olá. Me chamo Amanda Richard.
— Lindo nome, Amanda — disse Ryan.
Ryan e Dylan estavam se sentindo como dois peixes fora d`água. Procuravam por um grande amor durante muito e muitos anos. Suas vidas não tinham nenhum sentido. Mas, eis que agora, tinham um motivo para viver. Os dois se apaixonaram no mesmo instante por ela. Não estava certo. Não podiam tê-la para os dois. Seria errado. Um deles teria de abrir mão do grande amor. Mas nenhum dos dois estava disposto, não depois de terem ficado frente-a-frente com a mulher mais linda do planeta.
— Podemos conversar lá fora? — perguntou delicadamente, Dylan.
Não, por mais que ela se sentisse atraía pelos dois, não ficaria exposta em uma situação irreversível, ficaria com seus pezinhos bem onde estavam.  Deu uma boa desculpa para não sair do lugar.
— É despedida de solteira da minha amiga, não posso deixá-la — ela disse insegura, as mãos dos irmãos ainda seguravam as suas.
— Você tem razão. Não deve mesmo ficar sozinha com estranhos. Mas não faremos mal a você, disso pode ter certeza — falou Ryan.
— Creio que você está sentindo o mesmo que nós querida. Não negue seus sentimentos. Eles são mútuos — disse Dylan suavemente.
Ela pensou muito, não poderia acontecer nada demais. Sua vida já era tão chata, que uma aventura seria brilhante. O medo, porém, falou mais alto. Mas em um impulso, ela fez sinal à amiga Gaby, que iria lá fora e que voltaria logo. A amiga percebeu os homens, sabia que Amanda iria se dar muito bem nesta noite. Gaby estava bêbada o suficiente para não pensar muito e apenas assentir para a amiga. O grande problema era que Amanda também estava meio bêbada e não se sentia muito coerente, não sabia se teria uma bela conversa com os homens lindos, ou passaria vergonha na frente deles.
Chegando à rua, uma leve brisa soprou pelo corpo de Amanda. Ryan segurou seu braço enquanto ela descia alguns degraus de escada. Ela era acostumada a usar salto altos, mas não a beber tanto assim. Queria estar totalmente sóbria para este momento. Estava tão nervosa, que todo seu corpo ainda estava trêmulo.
Ela tropeçou em um degrau em falso, os dois rapidamente a seguraram. Mas ela ficou bem, foi apenas um breve susto, que a fez acordar de um estupor.
Havia apenas umas seis pessoas na rua, umas fumando, outras bebendo e rindo. Mas ninguém olhou para eles. Caminharam um pouco em silêncio, mas não muito longe.
— Isso está muito estranho. Acho que vou voltar para dentro da danceteria — Ela parecia nervosa.
— Não se preocupe Amanda, não lhe faremos nenhum mal — disse Ryan.
— Vamos parar aqui para conversarmos? – perguntou Dylan, receoso de que ela realmente voltasse à danceteria.
Ela apenas afirmou com a cabeça. Estavam em um beco escuro e não havia ninguém mais. Amanda achou que não tinha sido uma boa ideia, mas que não queria sair de perto deles. Pretendia descobrir porque seu coração havia batido tão fulminantemente pelos dois, e Deus, por que pelos dois?
Amanda encostou-se ao muro. Não via nada além de um breu que encobria o lugar. Estava um silêncio aterrador no momento. Ela podia escutar a respiração suave deles e pedir mentalmente que chegassem mais perto. Não precisou pedir duas vezes. Os dois homens chegaram bem perto, perto demais dela.
— Querida, esperamos muito por este momento — falou Ryan com um sofrimento visível.
— Muito tempo mesmo, mas do que você possa imaginar — compartilhou do sofrimento, Dylan.
Lógico que Amanda não entendeu nada do que eles estavam falando. Mas sabia que o calor que ela estava sentindo dentro dela, que estava fazendo arder suas entranhas não era normal. Ela nunca havia sentindo isso. Um sentimento tão carnal e tão puritano, e além do mais, estava sentindo pelos dois. Não podia ser um desejo ardente por apenas um deles? Tinha de ser pelos dois? Amanda não se conformava.
Precisava falar alguma coisa.
— Não sei quem são vocês, mas sei que está rolando alguma coisa aqui. E que não é só comigo. Vocês também estão sentindo, não estão? — ela perguntou aos sussurros.
— Mais do que você pode imaginar — completou Dylan.
— Amanda, vivemos em um mundo diferente do seu. Mas essa química que nos uniu esta noite é eterna, você pode acreditar nisso — disse Ryan.
Sim, ela acreditava, pois em fração de segundos, era como se não conseguisse mais viver sem eles. Era muito estranho e ao mesmo tempo arrebatador. Esse sentimento sugava sua essência deixando-a à beira de um êxtase. Ela, de alguma maneira, já pertencia a eles. E, eles, a ela.
— Droga. Sou apenas uma garota do interior. Vocês nem deviam estar falando comigo. Sou feia, estranha e não tenho dinheiro... E além... — Ryan tapou sua boca com uma das mãos.
— Você não é nada disso. Você é linda, tem um corpo maravilhoso, um rosto perfeito e dança sedutoramente. O que está dentro de você é o que a define. Sua beleza interior. O fato de você não ter dinheiro, não muda quem você é de verdade. E agora que a achamos, não a deixaremos partir nunca mais.
— Vocês vão me prender em um calabouço, algo assim? — ela começou a tremer novamente.
— Claro que não, Amanda! Já falamos que não somos cafajestes, e o que você sentiu hoje, nós também sentimos — falou Dylan, sorrindo.
Amanda precisava de mais repostas, uma conversa vaga não a faria entender o que estava acontecendo. Mas não tinha ideia de quais palavras falar, foi quando soltou:
— Neste exato momento, tudo o que eu quero é beijar vocês dois, mas não está certo, algo de muito errado está acontecendo aqui — soltou desesperada.
Ela sentiu um arrepio por todo corpo ao proferir estas palavras. Não era para ter sido tão repentino e nem ter soado tão sincero. Mas não conseguiu segurar o impulso. Ela culpou a maldita bebida, por deixá-la falar essas coisas.
— É o que eu mais quero — disse Ryan, chegando perto dos lábios de Amanda.
Ela assustou-se, não estava esperando tamanha proximidade. — Perdoe-me — disse Ryan.  — Sou impulsivo, e está difícil ficar sem encostar em você.
Amanda estava desesperada, tão forte era a atração que sentia pelos dois. Não era apenas uma coisa de pele, era algo mais. Ela não conseguiria escolher entre um e outro. Eram iguais. E os olhos pretos pareciam sugar Amanda para dentro deles. Ela percebeu lentes de contato, mas não deu importância, estava totalmente hipnotizada pelo desejo incontrolável de tê-los para si, de conhecê-los no seu íntimo e tê-los apenas para ela. Era egoísmo pensar assim, mas a necessidade na qual ela estava inserida era sem tamanho. Não havia nada no mundo que pudesse se comparar a este amor.
O mesmo sentiam Ryan e Dylan. Tinham a impulsividade de tê-la em seus braços, cuidar dela e a terem para si, protegê-la dos males do mundo e cuidarem dela como se fosse uma preciosidade. Dylan estava sufocando por dentro, tinha a necessidade de possuí-la em todos os sentidos possíveis. Mas Ryan também sentia. Ambos sabiam o que viria pela frente. Sabiam de todos os riscos que ela iria correr ao lado deles, mas eram egoístas o suficiente para deixá-la viver sua vida em paz. Ao contrário, iriam entrar e devastar a vida dela em instantes. Mas ela já estava disposta a enfrentar qualquer coisa ao lado dos lindos irmãos.
Os dois aproximaram-se ainda mais de Amanda, Ryan, passou a mão pelo braço fino dela, deixando-a com os pelos arriçados. O mesmo movimento fez Dylan. Lentamente foram encostando ela no muro, que encontrava-se atrás deles. Ela aceitou sem reclamar. O coração de Amanda pulsava intensamente, podia ser visto a olho nu pelos irmãos. Eles estavam diante do coração dela, do sangue pulsando por suas veias, do olhar tentador que ela fazia. Ela estava se deliciando com o leve toque em sua pele. Ao mesmo tempo em que parecia queimar, era sedoso e macio. Amanda encostou a cabeça no muro, deixando sua pele exposta para qualquer atitude dos dois. Estava fissurada, podia implorar por longos beijos ardentes em seu corpo. Nunca havia imaginado que apenas pensamentos ardentes iriam estremecer suas pernas, deixando-a prestes a ter um colapso nervoso. Mas ela iria aguentar firme, pois tudo que ela queria, naquele momento, era estar exatamente onde estava.
— Ryan, não haverá volta depois desta noite — disse Dylan, olhando-o fixamente para o irmão.
— Não consigo mais viver sem ela irmão. Sei o quão cruel o mundo será contra ela, mas preciso disso, mais do que tudo. Você entende?
— Entendo, sinto o mesmo — falou Ryan, com o coração amargurado. — Vamos ter que dividi-la irmão, será nossa protegida e amada. Seremos nós três, sem inveja, sem sentimento de posse e sem ciúmes. Tudo isto está muito estranho, mas se encontramos o mesmo amor, na mesma mulher, é assim que tem que ser.
— Eu concordo, seremos nós três, irmão! Sem ciúmes, eu prometo! – concluiu Dylan.
— Meninos, não faço a mínima ideia do que vocês dois estão falando. Mas posso dizer que eu aceito tudo que há por vir, se vocês estiverem ao meu lado. O que eu não acredito que vá acontecer, sendo assim como eu sou...
— Linda! — disse Dylan. — Você é linda.
— Tudo bem, vocês dizem me achar linda. Não acredito que estou aqui, nem no que estou sentindo, muito menos nos meus atos. E esta droga de bebida que eu tomei já saiu do meu corpo, então sou apenas eu aqui de coração aberto e sem saber que rumo seguir na vida. Mas, neste momento, tudo que eu penso é que me jogaria de braços abertos aos dois, me aninharia em vocês e não largaria mais. Não sei se vão me explicar o que pode acontecer, mas eu topo qualquer parada.
Os dois se entreolharam, Amanda estava com os olhos bem abertos, intercalando olhares entre os dois, e sua respiração pesava a cada segundo, pois ela necessitava de algo que não sabia explicar. Um beijo, um toque, qualquer coisa que a fizesse sentir viva de verdade.
Ela soube, naquele momento, que eles iriam revelar toda a verdade para ela, e estava a ponto de desmaiar. Mas ela estava fixa no momento e não perderia a explicação por nada.
— Querida, nós somos vampiros! — Ryan falou tão friamente, que o coração de Amanda gelou em segundos. Ela olhou para ver a expressão no rosto de Dylan, mas obteve apenas um meio sorriso triste, e soube que era verdade, e não estavam enganando-a. Mesmo assim, era difícil acreditar em tais palavras, ditas tão sinceras.
Amanda fraquejou as pernas, quando os dois, segurando-a, a abraçaram, um de cada lado. Tudo havia ficado escuro aos olhos de Amanda.
Segundos depois, ela conseguia ao menos ficar em pé. Mas Ryan e Dylan não a soltaram.
— Digam-me que são vampiros bonzinhos, que tomam sangue de animais e não matam humanos.
Silêncio.
— Se vamos fazer isto Amanda, será do jeito certo, e nunca, jamais, vamos mentir para você, linda. Nós tomamos sangue humano e depois apagamos a mente deles, mas não os matamos. Apenas bebemos o sangue por sobrevivência — disse Ryan, claramente.
— Amanda, não somos assassinos, nem vampiros maus, muito pelo contrário. Mas necessitamos do sangue para sobreviver — completou Dylan.
— Deixem-me assimilar, por favor. — Ela soltou-se deles, deu alguns passos na direção da estrada. Observou a escuridão que havia tomado conta de todo lugar. — Até minutos atrás eu não acreditava em vampiros, muito menos que eles bebiam sangue e que tinham o poder de apagar a mente de humanos. E vocês estão me dizendo que são tudo isso.
— Sim, querida. Precisa confiar em nós, quando dizemos que não vamos machucá-la e sim defendê-la. — Dylan, aproximou-se dela novamente, segurando suas mãos.
— No fundo do meu coração, eu sei que tudo isso é verdade. Mas estou com um pouco de medo — ela disse.
— Precisa saber de mais um detalhe. Algo aconteceu conosco, assim que vimos você. Você é a nossa alma gêmea, a quem estamos esperando há séculos — sentenciou Ryan, abrindo espaço entre os dois.
— Séculos? — ela gritou, perplexa.
¬— Sim! Nascemos em 1815, temos exatamente 200 anos de idade.
— Céus! — estarreceu-se Amanda.
— Querida, você precisa saber, que você sendo nossa alma gêmea, se bebermos do seu sangue, não poderemos beber de mais nenhum humano, e consequentemente, se não conseguirmos mais beber do seu sangue, nós morreremos. Beber de outro humano seria como beber água, não nos manteria vivos — falou com sinceridade, Ryan.
Ela precisava de ar, de espaço. Queria poder acordar em sua cama quentinha e fingir que nada tivesse acontecido, e levar a vida medíocre de antes de eles aparecerem.
— O que acontece se eu não quiser nada disso? — ela perguntou intercalando olhares entre os dois.
— Nada! Não acontece absolutamente nada. Apagaremos sua memória e você não se lembrará de nada — explicou, Dylan.
— E quanto a vocês? — ela perguntou.
— Continuaremos como sempre fomos, beberemos sangue de humanos, mas nunca mais seremos felizes. Seremos eternamente ligados a você. E você nem saberá da nossa existência.
Deus, ela não imaginaria viver sem os dois, não suportaria. Sabia que, mesmo que apagassem sua memória, ela jamais iria esquecer os dois. Seria como viver uma vida vazia, sem sentimento algum. Então ela tomou a sua decisão.
— É isso que eu quero para mim. Quero vocês dois, e enfrento o que for para ter isso. Não quero voltar para minha vida. Não sei exatamente como será, mas eu quero estar com vocês — Amanda falou sorrindo levemente.
Os irmãos se iluminaram. Seus sorrisos eram de uma alegria contagiosa. Amanda apenas pode observar a beleza do sorriso dos dois em meio à penumbra da noite. Eles eram da noite, da escuridão. E ela estava disposta a fazer parte daquele mundo novo. O mundo noturno.
Depois do momento de triunfo, veio a realidade. Amanda estava com seus desejos à flor da pele, já havia esperado muito por este momento, não queria perder mais nenhum segundo. Dylan beijou suavemente a palma de sua mão direita, subindo pelo seu braço, enquanto Ryan beijava suavemente seu pescoço. Ela arqueou a cabeça para trás, deixou que os dois a segurassem. Ela não conseguiria mais se manter firme nas pernas. O desejo contido durante anos estava à solta. Ryan e Dylan estavam extasiados com o acontecimento, e tudo que podiam fazer no momento era dar prazer a ela, beijando cada contorno dos seus braços e pescoço. Dylan era mais delicado, arranhava levemente as costas de Amanda, enquanto beijava seu pescoço, depositando mordidas no lóbulo de sua orelha. Ryan era mais possessivo, apertava-a contra seu corpo. Amanda mal conseguia respirar, queria retribuir o prazer que estava sentindo, mas conseguia apenas ficar parada enquanto os irmãos a deliciavam com suas carícias.
Dylan foi levemente do pescoço ao queixo, depois beijou a boca de Amanda. Foi lento e devagar, como ela havia imaginado que seria, depositou mais alguns beijos até que abriu a boca de Amanda com a língua, ela aceitou com prazer aquela dança aveludada entre os dois. Foram minutos de longos beijos ardentes, enquanto Ryan beijava seu pescoço, dando-lhe leves mordidas. Quando finalmente Dylan, olhou-a nos olhos, descendo com sua boca até o queixo, foi a vez de Ryan possuí-la. Mas ao contrário do irmão, ele foi mais agressivo, não do jeito que machucava, mas do jeito que deixou Amanda sem chão, que derreteu o coração dela, que a deixou com um desejo selvagem e a fez tremer e gemer dentro de sua boca. Os dois estavam proporcionando algo a ela, que ela nunca havia sentido. Um prazer mútuo. Então uma lágrima de felicidade rolou dos olhos de Amanda, e um em cada lado, cravaram seus caninos afiados e pontudos no pescoço dela.

Contato com a autora: pavadesign@yahoo.com.br


0 comentários:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.