Sem Vestígio



Donnefar Skedar
Sem Vestígio



Capítulo I

Na sala estavam apenas seis pessoas; sendo elas, um juiz, um escrivão, dois advogados a esposa e seu ex-marido. Ali estava sendo encerrada a seção de uma separação com comunhão de bens, vinda de um casamento de cinco anos. A bela mulher loira e cheia de ouro; estava agora assinando o papel dado pelo seu advogado onde contava a afirmação da separação de seus bens conquistados junto a seu ex-marido Armando.
Armando por sua vez, também assinou o documento esperando que o juiz finalizasse aquela audiência.
– Desta forma, ficam cientes que ambos estão de acordo, e finalizo dizendo que todos os bens conseguidos durante os cinco anos de casamento entre Armando Zie e Glória Zie, foram divididos em partes iguais – disse o juiz com seu olhar por cima de óculos pequenos. – Finalizo então está audiência deixando claro que ambos assinaram os documentos e estão livres para um futuro casamento, sem mais, podem se retirar.
Quando saíram da sala, Armando cumprimentou Glória com certa rispidez na voz e logo foi para o estacionamento seguido de seu advogado.
– E então Armando, qual será o próximo passo agora que está livre? – perguntou o advogado parado na frente do seu carro.
– A liberdade deveria ser dada a todos que estão preso meu amigo – brincou ele abrindo a porta de seu carro Honda. – Vou até a casa de meu pai e logo viajarei para cidade de onde nunca deveria ter saído.
– Sim me recordo de seus sonhos.
– Mamãe sempre quis que voltasse para lá depois de sua separação, acho que isso é um mal da minha família.
– O que, voltar sempre para casa? – questionou o advogado.
– Não meu caro, a separação – disse Armando entrando em seu carro e buzinando para seu advogado que sorriu ao acenar com a mão.
Logo o Honda azulado estava fora do prédio judicial e Armando estava indo de encontro a seu pai, um dos únicos motivos para ele ter continuado na cidade de Panamá.
Enquanto dirigia, sua mente apenas pensava no futuro; ele não trabalharia mais e embora estivesse agora com apenas vinte oito anos, ele já tinha ganhado o dinheiro necessário para viver por uns cem anos. A conversa com seu pai seria o próximo passo difícil a ser tomado; a separação foi à primeira luta que Armando travou com sua ex-esposa Glória. A mesma gananciosa; estava adiando a separação por alguns meses com medo de perder parte da empresa que Armando administrava. Sabendo do que ela queria, ele rapidamente fez a troca de sua parte na empresa pela casa que Glória morava após a separação.
Quando sentou no sofá junto ao pai que tomava um vinho seco, o que era de costume, Armando se deparou com uma imagem masculina de Glória, a sua frente estava mais um ganancioso e por mais que fosse seu pai, ele achava um absurdo as pessoas darem mais valor ao dinheiro do que a si mesmo.
Sua mente pensava apenas no após. Ele sabia que se parasse para refletir no que diria ao pai, ele jamais conseguiria sair daquela sala.
– Então vai mesmo abrir mão da sua parte na empresa? – questionou o homem de cabelos grisalhos enquanto saboreava sua taça de vinho.
– Já está feito papai – ele nem se quer notou qualquer diferença na feição do pai.
– Tem certeza que vale a pena se livra de algo importante só para ficar livre de uma mulher? Você acha mesmo que agora ficara em paz com míseros cinquenta por cento de tudo que construiu durante este casamento?
– Pai, eu não preciso de dinheiro, tenho o suficiente para viver o resto da vida.
– Você não sabe o quanto custa caro ter minha idade nesta cidade, tudo fica cada vez mais caro com o passar dos anos meu filho.
– Você ainda é muito novo papai e se não vivesse neste luxo desnecessário, não reclamaria sobre dinheiro.
– Você ainda não amadureceu, sou um empresário e solteiro, as pessoas prezam por mim.
– Não papai, elas só ligam para seu dinheiro.
– Isso só nos mostra que devemos ter sempre mais...
– Não foi por isso que vim até aqui papai – cortou Armando ficando de pé olhando pela imensa janela de vidro.
– Então seja direto, tenho uma reunião com meus sócios do Afeganistão e eles não podem esperar.
– Trabalho, sempre o trabalho. Há quanto tempo não temos uma conversa decente pai?
– Estamos tendo um agora certo? – respondeu o homem bebendo mais um gole do vinho.
– Não, não estamos e você sabe disto – Armando fitou o pai por algum tempo, mas logo volto a olhar pela janela. – Vim dizer que agora estou livre, tanto da Glória quanto da empresa, e por este motivo estou indo embora de Panamá.
– Como assim “indo embora”.
– Vou morar com a mamãe novamente – disse Armando respirando fundo esperando a resposta.
– Você ficou louco? Bateu com a cabeça? – o homem de cabelos grisalhos, não estava mais olhando seu vinho seco, agora ele fitava as costas do filho em pé. – Está cometendo um grande erro se pensa que lá será feliz ou algo do tipo.
– Não penso nisso papai; tenho certeza que lá é o meu lugar, nunca deveríamos ter saído de lá.
– Você está sendo injusto com seu pai meu filho. Sempre dei o melhor a vocês, nunca deixei nada faltar durante toda sua vida.
– Sim pai, você deixou faltar sim. Nunca tivemos o amor de pai e marido, agora sim entendo o motivo de mamãe ir embora e agora é a minha vez.
O homem olhou para o filho e depois encarou sua taça e logo estava enchendo-a novamente e em seguida levantou-se indo em direção ao filho.
A sala era sofisticada; um sofá fundo e aconchegante cinza, uma estante com alguns livros grossos e ao lado uma espécie de bar, o resto da sala era livre e somente algumas poltronas fazia parte da mobília. As paredes eram enormes vidraças transparentes dando uma total visão do lado de fora da casa que fora totalmente planejada para isto.
Parando ao lado de Armando e olhando para a parte da piscina que estava metros abaixo, ele começou a falar quebrando o silencio.
– Sua mãe não foi embora por causa do meu egoísmo – disse ele oferecendo sua taça ao filho. – Há muito tempo já estávamos pensando na separação. O único motivo; lembre-se que foi motivo e não escolha; era o fato de você está terminando seus estudos.
– Quer dizer que já estava tudo planejado? – perguntou Armando olhando o pai caminhar até o bar e pegar uma nova taça. – Vocês já estavam se separando?
– Sim, já não dormíamos juntos e apenas saímos juntos em reuniões onde você estava. Não foi por dinheiro que nos separamos – falou ele enchendo uma nova taça. – Eu sempre quis vir para esta cidade, mas sua mãe sempre esteve presa aquele lugar, quando você começou na empresa, logo sabia que você estava caminhando com as próprias pernas e desta forma, estávamos prontos para a separação.
– Por que agora? – questionou Armando. – Porque só agora fico sabendo?
– Porque não quero que você parta ao encontro de sua mãe e escute outra versão. Sua mãe e eu já não nos amávamos, cabia apenas nossa separação. E se realmente você está decidido a voltar para aquela cidade, então que parta em paz.
– Tem certeza de suas palavras papai?
– Você é meu único filho e ainda é filho homem, não fico contente em perdê-lo, mas não posso te segurar aqui.
– Não vou te abandonar papai, sempre que possível vou vir visitá-lo, e sempre teremos contato.
– Assim espero Armando, quero que você seja feliz como estou sendo, mas não faça besteira, você é um garoto bonito e com dinheiro, por favor, tenha cuidado.
– Terei papai, terei.
Os dois se fitaram por algum tempo e logo deram um abraço fazendo os sentimentos serem compreendidos por seus corpos.

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