Terror Mental



Donnefar Skedar
Terror Mental


VENDE-SE

A casa era pequena; apenas quatro cômodos; e um vasto quintal cheio de erva daninha ainda pequena que
cobria o longo quintal.
O casal Viiz estava pronto para fechar negócio e comprá-la. John Viiz acabará de ser promovido a gerente
e Mary estava deixando seu mísero emprego de garçonete para trás, e queria descansar um pouco para logo ter
seu tão esperado filho que há apenas dois meses estava sendo gerado em seu útero.
O proprietário da casa vendo a empolgação do casal, logo lhes ofereceu as chaves para que eles pudessem
dar uma olhada antes de fecharem negócio.
– Agradecemos a sua gentileza senhor Friz, mas creio que será um pouco complicado fazer isto antes do
fim do mês…. – dizia John ao proprietário com um olhar incerto.
– Bom: vocês têm que dar uma olhada…. Ela não está em total bom estado e uma pequena reforma seria
apropriada. – falava Friz com seu ar de vendedor do mês, de algum modo ele sabia que teria aquele acordo.
– Não, tudo bem, estava planejado arrumar uma casa que pudéssemos reforma lá ao nosso modo. – disse
John com a voz animada.
– Oh ótimo. – aliviou-se Friz. E o que os impedem de visitar a casa?
– Bem, a casa fica longe de onde moramos hoje, e pelo que vimos no mapa, não tem nenhum hotel por
perto. – falou ele com um pouco de tristeza em sua voz.
– Ah sim, entendo, porém vocês podem ficar na casa enquanto verifica cada canto!
– O senhor nos deixaria passar a noite na casa antes de fecharmos negócio? – entusiasmou-se John.
– Mas é claro, há muito tempo não vejo pessoas interessadas na casa; como estamos prestes a fechar negócio,
nada mais justo que isso. – continuou Friz com o ar de vendedor sábio. – Apenas levem algum tipo de colchão
para dormir e algo para comer.
– Sim, Mary dará um jeito nisso. – completou John.
– Ótimo Sr. Viiz, passe no meu escritório pela tarde e lê darei as chaves, vocês podem ir amanhã mesmo
para lá.
– Maravilha! Estarei lá, pode deixar.
Durante todo o caminho os Viiz planejavam como seria cada canto da nova casa, embora os mesmos
estivessem vistos apenas fotos da residência através de e-mail, eles já tinham uma ideia do que fariam.
– Deve ser aquela ali na frente – falou Mary apontando para uma casa coberta por árvores que se pareciam
com pé de alguma fruta, embora irreconhecível pela decadência das folhas.
– Sim, é o que marca no mapa – completou John levando o carro para frente da calçada. – Os vizinhos
parecem gentis! – disse ele olhando para a única casa mais próxima que estava a alguns quilômetros de distância.
– Com certeza parecem – respondeu Mary sorrindo e saindo do carro com as sacolas de compras, feitas as
presas.
– Não se parece nada com a da foto – falou John olhando para a foto em suas mãos.
– Ela parece de alguma forma ter vida. – disse Mary admirando a casa.
A casa em si era de aparência simples, além das árvores cobrindo sua entrada da frente e a entrada lateral,
ela era térrea com janelas laterais grandes e uma porta velha com um desenho em seu olho mágico.
A cor da parede era de uma aparência suja, como se fosse um marrom claro ou mesclado de um marrom
forte, e o modelo das janelas era bem antigo.
Mary se lembrava de ter lido algo sobre a casa ter sido construída no século 18.
Por dentro era ainda mais estranho. O cômodo parecia ser enorme, algo como o dobro do que fora
informado na negociação. Outra informação que não estava inclusa era o porão que tinha uma porta entre a
cozinha e o único banheiro da casa, porém, a porta estava trancada ou como fora advertido por John; a porta
poderia estar emperrada por algo do outro lado.
Após vistoria toda a casa, Mary lavou o banheiro, e John arrumou a energia que por sinal foi percebido
vinda de um gerador atrás da casa, mesmo tendo energia vinda de dois postes próximos da residência.
Os moveis deixados por algum morador, eram antigos e mesmo assim pareciam intactos. Mary gostou da
ideia de reaproveitá-los dando um toque especial.
O sol já tinha se posto e eles já tinham ajeitado um canto no quarto para dormirem, enquanto conversavam, imaginando a nova vida junto com o bebê que logo nasceria.
Eles olhavam os últimos raios de sol que deixavam algumas manchas vermelhas nas nuvens escuras pelas janelas.
Foi neste momento em que Mary jurou ouvir passos dentro da sala. Assustado, John correu para sala a fim de verificar algum movimento, mas tudo estava normal nada estava fora do lugar, e as portas estavam fechadas.
– Não há ninguém aqui querida! – falou John abraçando Mary.
– Mas eu juro ter ouvido….
John à afastou um pouco e fez sinal para que ela permanecesse ali parada e quieta.
– O que foi? – perguntou ela em um sussurro.
– Tem alguém lá fora – disse ele pegando um pedaço de algo parecido com um resto de bastão de basebol. – Fique aqui e me espere.
– Mas…. Vai, me…. – não deu tempo de terminar, ele saiu pela porta lateral nas pontas dos pés.
Mary ficou parada encostada na parede próxima a porta do porão e novamente ouviu passos como se alguém estivesse saindo da cozinha e passando por ela. Ela ficou aterrorizada, pois não vira ninguém, apenas ouviu os passos passarem por ela.
Da porta do porão ela teve a sensação de ouvir vozes baixas de alguém sendo repreendido e tremeu ao ver um pequeno feixe de luz no chão da porta. Segurando-se na parede, ela foi indo em direção à porta de costas, enquanto as vozes pareciam aumentar e ficarem mais nítidas.
– Já disse que não podemos sair quando eles estiverem aqui – repreendia uma voz feminina e com um sotaque estranho.
– Mas mãe a casa é nossa, não entendo porque devemos ficar aqui embaixo – reclamava um garoto também com sotaque.
– Você age igual ao seu pai – disse a voz de uma mulher. – Onde ele está?
Ao ouvir a conversa Mary se virou tremendo para abrir a porta, mas foi repreendida. Do outro lado da sala John a olhava com um olhar firme e sincero. Ela correu para ele e começou chorar, dizendo que tinha alguém no porão.
Ele tentou confortá-la, dizendo que não tinha ninguém do lado de fora, e que talvez, fossem ratos no porão. Isso não serviu para deixa lá confiante, mas serviu para acalmá-la com a ideia de que talvez estivesse com sono, ele a fez se deitar, enquanto lhe preparava um chá.
Alguns minutos se passaram e Mary olhava para o teto pensando em como seria o nascimento de seu filho quando novamente ouviu as vozes.
– Onde esteve? – gritou a mulher fazendo com que Mary se levantasse e corresse para a cozinha onde John estava olhando para a porta do porão.
– Você ouviu? – perguntou ela assustada.
– Sim – disse ele fazendo sinal com as mãos para ela parar onde estava.
Ele desceu os degraus e colocou uma das chaves na tranca da porta e a girou, mas nada aconteceu; então ele tentou chave por chave, mas nenhuma abriu a porta.
– Olhe – disse Mary já a seu lado. – Não parece ser este tipo de chave – falou ela apontando para a fechadura que tinha um formato arredondado diferenciando-se das outras chaves.
– Deve ter outra chave aqui na casa – disse John fazendo sinal com a cabeça para subirem as escadas e procurarem por alguma chave.
Durante a procura Mary abriu uma das gavetas que estava na cômoda do quarto, e um fundo falso se fez nítido ao bater com a mão no fim da gaveta. Ela puxou a gaveta para fora e retirou a madeira que cobria o fundo. Dentro tinha fotos de uma família na própria casa e também documentos muitos antigos além de recortes de jornais, e lá estava à chave totalmente banhada a ouro presa em uma corrente de prata.
– John! – gritou Mary para a porta aberta.
Ao pegar as fotos enquanto John correu para abrir a porta, Mary viu que eram fotos antigas, e todas da mesma família; sendo uma mulher alta de aparências judias, e seu marido, também judeu com paletó de cortes impecáveis, e um garoto que não teria mais que 12 anos. O que mais atraiu a atenção de Mary foi que em todas as fotos, embora tiradas em vários quantos da casa, era que todas as pessoas fotografadas estavam com os olhos fechados e sempre com a cabeça tombada para o lado.
Olhando os documentos, ela percebeu que a família tinha um nome estranho e que o final era Friz, mas ela não conseguia ler o primeiro nome de nenhuma das fotos.
Os recortes de jornal traziam as mesmas fotos e quase sempre o mesmo título: “O estranho caso dos Friz; quem são essas pessoas? Onde elas estão?”.
Ao ler por cima de cada reportagem, Mary pode perceber que as fotos se tratavam da única família a residir ali, e que de algum modo eles eram a atração daquele lugar. Ao ler o final da última reportagem, ela congelou e correu ao encontro de John; percebendo, ao chegar ao fim das escadas que John lhe fazia sinal para que ela não entrasse no porão que estava sendo iluminado por uma luz central.
– John você tem que ver isso – disse Mary tremendo até os ossos.
– E você não pode ver isso – alertou ele, virando-a de costas para dentro do porão.
Ele pegou o recorte bem amarelado com o título: “onde eles estão?” E olhou a fotografia de três pessoas sentadas na sala da casa toda arrumada; passou a ler em voz alta, enquanto Mary tremia abraçando a si mesma.
…Durante décadas a história da família Friz atraiu à atenção de várias pessoas que se perdiam na floresta.
Depois de muito investigar a única casa dentro da floresta, não foi encontrado lá, nenhum vestígio da família mostrada na foto; nem mesmo, nenhuma informação sobre o fotógrafo das fotografias, porém, todos que se perderam na floresta afirmaram ter encontrado abrigo naquela casa, e ao anoitecer, foram perturbados por essas pessoas que se dizem donos da residência…. O governo informa que a casa nunca foi habitada por nenhuma família, e desconhece a existência de móveis dentro da residência que tem quatro cômodos e um banheiro, mais um vasto quintal cheio de ervas daninhas…. As pessoas que dizem ter passado por estas experiências, receberam tratamento mental e estão em repouso em clínicas paras pessoas mentalmente perturbadas….
John foi surpreendido pelo horror da história, e viu que Mary estava mais assustada que ele, e compreendeu que o melhor era saírem daquela casa.
Dentro do carro com todos os papéis, Mary ainda horrorizada, atreveu-se a perguntar o que tinha no porão. John com os olhos fixos no retrovisor acelerou mais ainda o jipe e encarando Mary com horror respondeu:
– Dentro do porão estava o corpo intacto do Sr. Friz, o mesmo que me deu as chaves hoje à tarde!

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