A Viajante dos Sonhos Dourados



WanGo's. Lain
A Viajante dos Sonhos Dourados


Capítulo 1
A Hora de Partir.

Esta é uma pequena história de uma menina. Esta menina será uma contadora de histórias. Ou assim profetizou seus mais profundos e dourados sonhos. Sonhos dourados como o Sol no meio do Céu. Dourados como ouro. Valiosos.

Mas esta também é a história de uma viagem. Uma fantástica e aguardada viagem pelo interior de uma panela. Uma Grande Panela cujo alguém em algum lugar resolvera colocar um punhado considerável de ilhas e arquipélagos dentro. Exatamente como numa sopa. Ou quase isso.

A quem cabe tal viagem é à menina. Assim como cabe a ela as descobertas e revelações do Mundo misterioso que a cerca; ela em sua casinha quadrada feita de barro e de desenhos de mãos nas paredes. Por muitas vezes ela pôs sua própria mão sobre as mãos dos desenhos, para comparar o tamanho de seus dedos com os dedos da parede e o formato deles. Não há mãos como as suas! Para ela, aquilo era sempre um mistério...

Então a menina que será uma contadora de histórias se chama Halpt. E Halpt tem esperado por muito tempo. Mas ela sabe que a hora chegou. Foi um dos sonhos dela, sabe? Ele era dourado e brilhante. Por isso ela não tinha dúvidas em seu coração. Quando um sonho é dourado e brilhante, é por que a hora chegou.

Primeiro ela calçou as luvas, e só depois as meias e os sapatos. O vestido era verde, e ele tinha um laço vermelho inseparável na gola. Halpt também tinha um laço, e ela o usava para enfeitar o cabelo. A cor do laço era azul, para combinar com as meias e os sapatos. Ela sempre gostava de combinar. Pronto. Então toda ela era para a viagem. E Halpt havia-se preparado: ela colocara em sua cesta cenouras e rabanetes da sua horta, tomates e laranjas, um cacho de banana e duas mangas maduras, e também um cantil de água do poço.

Mas Halpt sabia que devia levar muito mais comida para si. O Mundo além de sua amada Ilha Pervina estava muito distante, pois ela não o via em parte alguma. Ele certamente estava muito, muito longe, mas ela o encontraria com certeza. Mas a cesta já estava pesada, e ainda ela precisava levar sua pena de pássaro do céu e seu rolo de pergaminho amarelado, em sua pequena bolsa de couro impermeável pendurada em seu ombro. O que ela faria sem eles?

Halpt sabia que não se lembraria de tudo que veria ao encontrar o Mundo que a aguardava. Ela sempre soube disso.


Capítulo 2
O Barco Branco.

Halpt colocou a chave de sua casa quadrada e feita de barro e desenhos de mãos nas paredes debaixo do tapete de boas-vindas. Nele ela escrevera com sua pena de pássaro do céu: ‘Bem-vindas em casa de Halpt!” Ela sempre achou essa uma maneira elegante de receber os visitantes. E era bom ter um tapete como um igual, pois durante um tempo ela temera que alguém viesse visitá-la enquanto ela estivesse pelo Mundo. Como os visitantes entrariam em sua casa, quando não saberiam que eram bem-vindos? Halpt também deixou um bilhete pregado na pequena porta esverdeada. Era um pedaço pequeno de seu rolo de pergaminho amarelado e nele ela escreveu com sua pena de pássaro do céu:

“Por favor, leia o tapete! A chave da porta está debaixo dele. Regue a horta e dê de beber as flores!”

Halpt lembrou-se que devia deixar outro recado para seus pais, que subiram pela escada amarela em cima do telhado, então ela censurou-se e escreveu com sua pena de pássaro do céu, em um cantinho do bilhete escrito no pequeno pedaço de seu pergaminho amarelo colado na porta esverdeada:

“Ps: para os pais de Halpt: tive um sonho dourado, então a hora chegou!”

Ela achou que isso era o suficiente, pois os pais dela que subiram pela escada amarela em cima do telhado entenderiam.

Halpt estava triste pelas flores. Ela pensou em levar uma consigo (a Margarida Martha), mas ela ignorou Halpt completamente. Estava zangada por que Halpt partiria da sua amada Ilha Pervina, onde Halpt cresceu junto com ela. Halpt tentou explicar à Margarida Martha que a hora havia chegado, mas a flor não lhe respondeu.

Halpt chorou um pouco, mas prometeu que voltaria logo. Margarida Martha não lhe respondeu. Mas Halpt sabia que Margarida Martha e todas as outras flores suas amigas entendiam. As flores sempre entendem quando a hora chega. Então, Halpt partiu, levando sua cesta pendurada no braço e sua bolsa de couro impermeável no ombro.

O barco branco de madeira dormia. As águas azuis do Mar o balançavam como se ele ainda fosse um barquinho bebê. Halpt o acordou com uma leva batidinha na polpa.

– Quero que me leve até o Mundo – pediu Halpt ao barco branco. – Ele fica muito longe, mas você consegue, não é?

Halpt colocou sua cesta dentro do barco branco e subiu a bordo com cuidado, para não cair no Mar azul e molhar-se toda.

– Prontinho – disse Halpt para o barco branco. – Podemos ir!

O barco branco virou a proa para o Norte, e foi embora, levando Halpt para o Mundo.

Capítulo 3
No Mar.

O barco branco levou Halpt através do Mar azul. As águas azuis estavam sempre calmas, o que tornava tudo mais fácil.

Halpt ora cantarolava, ora dormia. Mas o trabalho tinha de começar já, e então Halpt desenrolou seu pergaminho amarelado e pegou sua pena de pássaro do céu. Ela escreveu:

“Halpt viajou para o Mundo através do Mar azul.”

O começo da sua primeira história como contadora de histórias.

Ela achou que isso era o suficiente, pois era muito fácil imaginar que ela estava em um barco branco de madeira que seguia sempre em frente e para os lados, em direção ao Mundo.

Halpt estava tonta. O balançar suave do barco branco a enjoou depois de um tempo, mas ela logo se acostumou, quando o céu tornava-se azul esmaecido. Halpt então teve fome, e comeu uma cenoura retirada de sua pequena horta, que trouxera em sua bolsa de couro impermeável. Ela achou que uma cenoura era o suficiente. Como o Mundo estava além de sua vista, ela sabia que precisava economizar comida. Uma cenoura é sempre o suficiente para dar de comer a fome, como uma gota de água era suficiente para matar a sede de Margarida Matha, uma de suas amigas flores que não lhe respondeu.

Halpt sentia saudades delas, das suas amigas flores, mas prometera voltar logo.

O tempo passava por Halpt a todo o momento, mas não falava com ela. Halpt deixou de tentar puxar conversa com ele, e perguntou ao barco branco:

– Será que o Mundo está muito longe, barco branco?

O barco branco não lhe disse nada. Halpt censurou-se, pois percebeu que o estava atrapalhando. Como o barco branco a levaria até o Mundo, se parasse para conversar com ela?

O Céu tornou-se cinza, e depois o Sol beijou o Mar de repente. Halpt maravilhou-se! A visão do encontro do grande e bonito Sol com o calmo e azul Mar encheu seus olhinhos claros de lágrimas, pois Halpt nunca tinha visto tudo assim, tão de pertinho! O momento mágico não durou muito, então Halpt despediu-se do Sol, enquanto ele ia dormir em sua casa dentro do Mar. Talvez Halpt o visitasse algum dia desses, quando estivesse chovendo e ela tivesse certeza que o Sol estava em sua casa, com medo do resfriado. Halpt pensou:

“Mas primeiro, eu tenho que ver se no tapete da casa do Sol diz: “Bem-vindas em casa do Sol!” Assim fica mais fácil entrar, quando sabe que é bem-vinda!”

Halpt sorriu. Ela bocejou e então notou que estava com sono. Bebeu um gole de água de seu cantil e comeu um rabanete e um tomate muito vermelho. Ela achou que um rabanete e um tomate muito vermelho eram o suficiente. Em seguida, Halpt deitou-se nas tábuas do barco branco, fazendo sua bolsa de couro impermeável como travesseiro.

Ela olhou para as estrelas. Halpt sempre achou as estrelas muito bonitas! Mas Halpt sabia que elas estavam muito, muito longe! E eram frias também. Halpt achava uma pena, pois as estrelas não tinham casa, e por isso passavam muito frio e acabavam por ficar resfriadas! Se Halpt pudesse, deixava que elas morassem em sua pequena casa feita de barro e que elas dormissem em seu quartinho, no lado direito da cama, perto da parede com desenhos de mãos, mas primeiro tinha de pedir permissão aos pais, quando eles descessem pela escada amarela em cima do telhado...
Halpt então dormiu. E Halpt estava um pouco triste.
 
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