Sombras do Medo


Camila Pelegrini
Sombras do Medo


PREFÁCIO

A raça humana encontra-se no fim da linha, exatamente onde seus passos a levaram. Não é a primeira vez que isso acontece, mas é a pior. Talvez por já ter errado tantas vezes ou por ter não aprendido em nenhuma delas. Parece sempre esquecer as dores e as lições que se escondem por trás das guerras, revoltas, holocaustos e desastres retratados em seus livros de história.
De qualquer forma, desse erro não poderão ser culpados novamente, pois não sobrará ninguém para se lembrar.

CAPÍTULO 1

Com os pés calejados sobre o parapeito da janela, começou a olhar o céu e a admirar as estrelas que, mesmo de tão longe, pareciam com seu brilho afastar a escuridão densa que cobria o mundo.
Nos dias que se vivia, o ar era mais pesado, quente e sufocante. Não se sentia o alívio de uma brisa fresca há tempos.
Justamente por isso, Anabele era grata pelas noites e costumava adormecer, olhando com o coração pesado para o céu infinito que os cobria. Estava sempre cansada ao final do dia, assim como todos os outros ordinários, fossem homens, mulheres ou crianças, mas mesmo assim, sempre levava mais tempo do que gostaria para pegar no sono. Era dormindo, com a mente em outra dimensão, que se sentia mais feliz. Podia fugir do cenário árido e desolado em que o mundo havia se tornado e esquecer todas as perdas e sofrimentos do dia a dia e acordar com o coração renovado de esperança. Esperança essa que lhe escapava no minuto em que, acordando, retornava a si e via a mãe, já tão cansada e não mais tão jovem, preparar-se para mais um longo dia sob o sol escaldante.
Ultimamente, porém, nem mesmo nos sonhos parecia encontrar sossego. Seu sono era inquieto e virava-se constantemente na cama, despertando agitada diversas vezes durante a noite. Tinha pesadelos em que a terra, com tudo o que há nela, era engolida pela escuridão. Nessas ocasiões, acordava desesperada, como se uma sentença de morte houvesse sido decretada sobre todos e agora fosse só questão de tempo até que o carrasco chegasse.
O que mais a assustava, contudo, era que não somente ela vinha tendo tais pesadelos. Durante o dia de trabalho, conversava com outros e com uma frequência cada vez maior comentavam sobre as noites mal dormidas e os sonhos estranhos. Pior que os sonhos, na verdade, eram as sensações que os procediam, tão difíceis de serem explicadas, mas completamente desagradáveis.. Um gelo no peito, um medo aterrorizante de algo que não conseguiam definir ao certo, que lhes fugia à compreensão.
Até mesmo aquele forasteiro havia comentado sobre o assunto. Ah! O forasteiro... Henry Winch. Chegara da segunda província, a mais perto dali, havia seis meses. Não falava muito sobre suas viagens, agora tão raras, mas tinha se enturmado muito bem. Apesar do sarcasmo, de seu humor ácido e da língua afiada, tinha um charme quase irresistível.
Anabele, ao contrário de todas as outras pessoas, travava uma batalha interna em relação ao que sentia por ele. É claro que sabia que era bonito, inteligente, engraçado e tudo mais que qualquer garota procura em um cara, mas achava que ele era muito consciente de suas próprias qualidades e menos do que deveria em relação a seus defeitos, o que fazia com que falasse, andasse e agisse de uma maneira única e extremamente segura. Parecia não possuir qualquer espécie de vulnerabilidade, o que a irritava profundamente.
Também não lhe agradava muito o fato de ele ter surgido, ganhado a confiança de toda aquela província e mal falar sobre si mesmo. Tudo o que sabiam era o pouco que havia contado: após sua família ter falecido na construção da muralha, havia conseguido fugir para ali. Não que a terceira província fosse melhor do que as outras, mas quando se perde tudo, qualquer coisa parece melhor do que o nada que se tem. Por isso, ninguém insistia no assunto, todos já haviam perdido alguém na construção, podiam imaginar o que ele sentia.
Balançou a cabeça e tentou afastá-lo de sua mente, mas os pensamentos insistiam em sua direção. Não suportava muito tempo perto dele, mas quando se afastava, logo se notava procurando ansiosamente vê-lo de novo.
Henry parecia já ter percebido o efeito que causava nela, e isso parecia diverti-lo, o que a deixava ainda mais perturbada. Durante todo o dia de produ- ção ele parecia procurar estar perto dela. E Anabele não conseguia afastá-lo.
Suspirou e virou-se na cama, preparando-se para dormir. Um leve estremecimento percorreu seu corpo quando pensou nos pesadelos que a aguardavam.
— Não tenho escolha, suponho — falou em voz alta para si mesma. — Escolha é algo do qual já quase não nos lembramos mais. Fechou os olhos e mergulhou na escuridão.

***

Acordou no outro dia com o sol batendo no rosto e esquentando todo o quarto cinza. Não tivera pesadelos naquela noite. Constatou aliviada. Levantou-se e foi até a pequena cozinha, cujas paredes amarelas estavam quase completamente descascadas, atravessando o estreito corredor de mesma cor. Encontrou a mãe já vestida com a longa saia verde surrada e uma blusa que fora branca, sentada ao balcão que separava a pequena cozinha da sala, beliscando um pedaço de pão.
A mãe tinha uma aparência cansada, os olhos pretos como a noite pareciam longe.
— Bom dia, mãe!
— Ah! Bom dia, Anabele! Já ia chamá-la.
— Estou atrasada?
— Não, eu é que acordei muito cedo — disse Amanda, sem que precisasse falar mais para que Anabele percebesse que a mãe não havia tido a mesma sorte.
— Pesadelos? — arriscou Anabele.
— Sim. Nenhuma novidade. Mas não se preocupe, nossa vida já é amarga o bastante para pensarmos demais nesses sonhos obscuros.
Amanda era uma mulher alta, esbelta e ainda muito bonita, apesar do ar cansado e das marcas profundas em seu rosto. Tinha cabelos curtos e acobreados, um pouco mais escuros que sua pele. Suas rugas carregavam toda uma vida de luta pela sobrevivência sua e de sua família. Era uma mulher sábia, forte e muito querida por todos os ordinários da vizinhança. Apesar de todos os seus próprios problemas, sempre fora uma pessoa capaz de dizer a coisa certa para quem quer que a procurasse em busca de um conselho ou de alguém com quem conversar.

***
Amanda foi até o seu pequeno quarto, também cinzento, enquanto Anabele tomava seu escasso café da manhã.
Olhando para uma antiga fotografia em que aparecia sorridente ao lado do então namorado, pai de Anabele, não pode evitar pensar.
Anabele havia crescido nesse mundo em que os recursos naturais eram controlados e distribuídos pelas cinco capitais, onde viviam os singulares. Mas ela, Amanda, havia vivido ainda na época em que o planeta era dividido em países e embora já houvesse injustiças, costumavam conhecer algo chamado liberdade. Por isso, ressentia-se ainda mais que os jovens, ao comparar, ainda que involuntariamente, a sua realidade atual com a de sua infância.
As coisas haviam mudado tanto nos últimos anos que, por vezes, ela mesma não acreditava que tudo se passara em apenas uma vida.
Lembrou-se do dia, em que Anabele, aos três anos, havia visto uma árvore, já escassas na época, e perguntado:
— Mamãe, vou ficar desse tamanho um dia?
Tinha rido e respondido que não, apenas árvores cresciam tanto. E a menina havia continuado a perguntar:
— Mas por que elas são maiores do que nós? Elas são mais importantes?
— Elas estão aqui há muito mais tempo e vivem do seu modo trazendo apenas benefícios para todos nós a cada vez que respiram, e, por isso, dependemos delas para podermos crescer também, para que você fique assim, do meu tamanho — respondera, erguendo a menina à sua altura.
— Humm... Então elas são mais importantes do que nós! Por que tem mais da gente e menos delas, então?
Amanda, com lágrimas nos olhos, dissera apenas:
— Essa é uma boa pergunta, Anabele! Uma ótima pergunta!...
Lembrou-se então do dia em que Anabele completara cinco anos e havia corrido para fora de casa ao encontro de uma árvore que existia do outro lado da rua, a última da província, e a abraçado chorando. A mãe a havia encontrado assim, aos prantos, agarrada ao largo tronco. Sutilmente, havia puxado a criança para si.
A menina demonstrava uma dor maior que ela mesma, tão frágil. Havia perguntado:
— Mamãe, nós vamos todos morrer?
— Um dia, mas um dia bem distante de hoje, querida. Por que a pergunta?
A menina, ainda entre lágrimas, havia respondido:
— Você disse que dependemos das árvores para viver. E não vejo mais muitas delas. Quer dizer que haverá cada dia menos de nós também?
A mãe com o coração estilhaçado, e também pesado de culpa, a havia apenas abraçado e chorado junto.
— Espero que não, querida, espero que não.
Percebeu que seus olhos estavam úmidos, como sempre acontecia quando tais pensamentos inundavam sua mente. E ficou mais triste ainda ao pensar que não havia sido preciso muito
para que uma criança de cinco anos constatasse o destino que estava reservado para eles, enquanto todos eles, adultos, não haviam percebido. Ou se haviam, não tinham se preocupado o suficiente.
Foi até a janela e olhou o céu azul. O sol, ainda tão bonito, parecia cruel nos últimos anos. Não sabia quando tudo aquilo havia começado, mas lembrava-se apenas de que as coisas estavam muito diferentes de quando ela própria era uma criança.
Lembrava-se com nostalgia e um tanto de amargura de que podia beber muita água, tomar quantos banhos quisesse, comer quaisquer frutas que tivesse vontade. Podia comprar tudo o que não precisava e ignorar os alertas sobre o modo insustentável que se vivia.
Recordava-se do grande número de árvores encontradas em cada esquina e de como ninguém realmente as notava, bem como dos inúmeros parques e praias que havia visitado.
Lembrava-se da chuva e de fugir dela, e de torcer para que nunca chegasse para atrapalhar seus planos de brincar na rua, ou sair, quando já adolescente.
O cenário era tão diferente! Constatou olhando para o jardim — ou o que havia sido um jardim.
O céu estava sempre claro, então. O sol brilhava radiante, como uma sombra indesejada que não se pode dispensar. A chuva? Bem, raramente vinha, e quando as primeiras gotas começavam a cair, todos fugiam, não dela, como outrora, mas em direção a ela, com baldes ou simplesmente com as mãos unidas de modo a tentar receber um pouco daquela água para si, sem limitação. Já não havia mais áreas a serem preservadas. Preservar a própria família já era difícil o bastante. Comida e água eram duramente limitadas. Quer dizer, para eles ordinários.
Não se lembrava ao certo de quando o mundo havia sido dividido daquela maneira: ordinários e singulares. Cinco capitais estabelecidas nos pontos vitais do planeta, onde se encontravam as maiores fontes de riqueza natural, por onde passavam os principais cursos fluviais e onde restava a maior quantidade de vegetação e solo fértil.
Nessas capitais viviam as pessoas mais poderosas do mundo, uma minoria influente que não sofria os efeitos drásticos da redução da água e da natureza, já que tudo o que havia sobrado, localizava-se no quintal de sua casa. Do lado de dentro das imponentes muralhas, nas cinco capitais, o mundo ainda parecia um lugar belo para se viver. Era do lado de fora delas, contudo, que se alastravam a destruição, a fome e a sede.
Em torno de cada capital, existia uma província, onde viviam os ordinários. Nestes locais secos e usados até o esgotamento, trabalhavam eles no que havia sobrado e com o pouco que lhes era destinado. Do que conseguiam produzir, um terço ainda era enviado às capitais em troca de água. Recebiam uma cota semanal, estritamente suficiente para não morrerem de sede, tomarem um rápido banho por dia e usarem na produção.
A ambição dos ordinários se resumia à sobrevivência. Objetivo cada vez mais difícil de ser alcançado.
No início, muitas pessoas haviam morrido com os desastres naturais — se assim pudessem ser chamados, já que o homem havia contribuído grandemente para sua ocorrência —, bem como as antigas cidades. Era evidente que todo um esforço de reconstrução se fazia necessário. Tal esforço fora feito. Estavam todos tão entorpecidos com as últimas tragédias, que enquanto se recuperavam de todas as perdas sofridas, os — agora — singulares haviam resolvido o problema, ou dado início a outro ainda pior. O mundo, então destroçado — e essa tarefa havia sido caprichosamente cumprida por todas as últimas gerações —, fora reorganizado e dividido.
Então vieram as muralhas, e na construção dessas, que os separavam dos singulares, muitos outros ainda haviam sucumbido. Eram levados à força para construí-las, recebendo menos do que o necessário para comer e beber, falecendo após uma ou duas semanas de trabalho. Os corpos se misturavam entre as duas paredes que continuavam a subir.
Agora, com a construção pronta, haviam se conformado, e a muralha parecia um constante marco de quão insignificantes eram. Como se não bastasse, há mais ou menos cinco meses, ordinários haviam começado a sumir. Ouvia-se um único grito distante e arrepiante. Tudo o que restava eram pedacinhos do que parecia ser gelo. A muralha parecia mais forte e poderosa cada vez que acontecia.
Todos os ordinários sentiam, sem precisar dizer em voz alta, que finalmente era chegado o fim dos tempos.

***
Enquanto Amanda terminava de se aprontar como todos os dias, Anabele pegou alguns suprimentos destinados à sua própria alimentação, abriu silenciosamente a porta e correu para a casa ao lado. Estava vazia há alguns anos desde quando o casal que ali morava havia sido levado para a construção das muralhas.
Entrou sorrateiramente e viu os dois olhos mais lindos que conhecia. Eram da cor do que recordava ser o mel e refletiam a pureza da alma. Sorriu, sentindo-se em paz.

CAPÍTULO 2

Arthur sentou-se rígido sobre a cadeira de madeira lustrosa, com os olhos cinza brilhando.
— E então? — perguntou.
— Tudo sob controle. Não parece haver motivo para preocupação.
Os olhos do presidente sorriram com a resposta e seu corpo, sentindo a mudança, relaxou.
— Mas eles não estão reagindo aos desaparecimentos?
— Bom, segundo Davi ainda existem reuniões e continuam nos responsabilizando pelos ataques, mas a inquietação não passa disso.
— E os antigos boatos sobre rebelião? — insistiu o presidente.
— Davi disse que nunca passaram de boatos. Têm tanta coragem de organizar uma quanto de recusarem água.
— Tanto melhor. Enquanto permanecerem em ordem e em silêncio, assim os deixaremos. De qualquer forma, já deveríamos saber. Pessoas amedrontadas e sem esperança não reagem.
Marcus sentiu um leve calafrio aos escutar as palavras de Arthur.
— De fato. Mas Davi insistiu, talvez descubra algo de útil.
— Sim. Ele iria de uma forma ou de outra.
Marcus sorriu.
— Certamente, Senhor. Mas se me permite uma pergunta, há algo mais que eu possa fazer? O Senhor parece estranhamente preocupado.
Marcus Homage era um homem corpulento e negro. Tinha a cabeça sempre raspada e aparentava ter menos do que seus cinquenta e um anos. Sua expressão era sempre respeitosa, como a de um homem que sabe obedecer e saberia mandar se fosse necessário. Era o braço direito de Arthur Veering desde muito antes que este se tornasse o homem mais poderoso do mundo e comandasse todo ele. Acompanhara toda a sua ascensão e a mudança da organização global pensada pelo atual presidente.
Quando as cinco capitais e as cinco províncias foram organizadas, Arthur oferecera a Marcus a liderança de qualquer delas, que recusara e optara por continuar na cúpula superior onde vivia e de onde governava o presidente, situada dentro das muralhas da terceira capital.
Assim, todas as outras capitais já conheciam seus líderes e Arthur pessoalmente dirigia a terceira, mas já pensava em alguém para ocupar seu lugar. Presidir o mundo já era trabalho o suficiente.
Dessa longa convivência entre eles, resultava a capacidade que tinha Marcus de notar as mudanças de humor do chefe.
— Nada digno de ser compartilhado, Marcus. Obrigado e já pode sair.
Marcus hesitou por um momento, mas entendendo a ordem, cumpriu-a, como sempre fazia. Levantou-se e saiu do gabinete presidencial.
Arthur esperou que a porta se fechasse e começou a caminhar pelo amplo e elegante cômodo, todo decorado em madeira.
Era o lugar no planeta que mais valeria dinheiro — se essa ainda fosse a moeda de troca da época — com uma imensa biblioteca, onde repousavam os exemplares do que já tinham sido importantes livros. Nas paredes, obras de arte, tudo o que sobrara das antigas eras do mundo.
Foi até a janela e admirou, pensativo, o céu azul. A vista que tinha dali era realmente bela. Altas árvores, um grande lago azul que mesmo sem muita chuva, insistiam em conservar, além de bonitas mansões.
Contudo, estava tenso, Marcus tinha razão, mas Arthur não podia conceber a ideia de que ele, o homem mais poderoso da terra, estivesse tendo pesadelos. Pesadelos esses que o assustavam mais do que o pensamento da fome, sede ou até mesmo do que a guerra. De uma certa maneira, percebeu, os sonhos que vinha tendo conjugavam tudo o que de ruim poderia imaginar, todo o caos que poderia existir nesse mundo ou em qualquer outro.
Sentiu um arrepio percorrer o corpo e lutou para afastar os pensamentos. A própria lembrança dos gritos que ouvia quando alguém desaparecia, e que agora ouvia também em seus sonhos, era capaz de fazê-lo estremecer.
Avistou então as muralhas, menores do que realmente eram pela distância, mas que mesmo assim transmitiam uma sensação de poder, escuro poder, contudo, do tipo que não se sabe contra qual direção será usado. Erguidas por braços humanos, por milhares de ordinários que
sucumbiram durante a construção, eram imensas e indestrutíveis e ofereciam qualquer proteção de que poderiam precisar, concluiu. E estavam prontas... As cinco grandes muralhas que cercavam as capitais haviam sido finalmente finalizadas.
Passou as mãos pelo austero rosto, em que a barba grisalha começava a despontar, e lembrou-se de Davi, que apesar de compartilhar seus planos, fora o único a lamentar tantas mortes durante as obras. Havia tentado impedir que tantos morressem durante o processo. Argumentava que já teriam desgraça suficiente depois.
De qualquer forma, após dez anos, as muralhas estavam prontas, e a distinção — já existente há ainda mais tempo — entre singulares e ordinários tinha um coração.
Agora haveria o banquete, ali, na terceira capital, centro dirigente do mundo, para os singulares, com o intuito de celebrarem a perfeita ordem em que as coisas se encontravam.
Claro, havia os desaparecimentos, mas eram todos ordinários os que sumiam! E havia bastantes deles no mundo!
Ainda pensativo, Arthur teve a impressão de que tudo ficara um pouco mais escuro. Imaginou surpreso se seriam nuvens cobrindo o sol, trazendo finalmente um pouco de chuva.
Abriu as janelas e percebeu uma imensa sombra que cobria toda a área de que tinha visão dali. Não conseguia distinguir o que causava o fenômeno, mas o sol pareceu mais distante, não como se nuvens estivessem o cobrindo, mas como se tivesse sido afastado, ou um pouco de seu poder engolido pela própria escuridão.
Foi tomado então por uma súbita onda de frio que percorreu seu corpo e congelou seus ossos. As janelas estavam suadas, como se feitas de gelo, tivessem sido aquecidas.
Sentiu um pânico crescente, que vinha de dentro de si próprio e de todas as direções. Sentiu também toda a dor e sofrimento do mundo, o caos de antigas épocas e um vácuo, um buraco negro, vazio e infinito no que se referia ao futuro.
Antes que pudesse reagir, um grito agudo não humano foi ouvido em toda a terceira região, província e capital, e Arthur pensou ter visto a muralha crescer diante de seus olhos, antes de cair em uma escuridão profunda.

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